Friday, April 30, 2010

Lata de lixo mágica

De tanto apontar meus lápis minha lata de lixo ficou cheia de lascas de madeira. Tal acontecimento me chateia, pois a cada vez que preciso esvaziar a lixeira tenho que atravessar todo o corredor de onde me vigiam as pessoas mais deploráveis que conheço. E todos eles querem que eu venha a falecer durante o trajeto mesmo. Mas não podia ficar com a lixeira daquele jeito e resolvi encarar o corredor. Já nos primeiros passos, Kathleen começou a me atirar flechas pontiagudas envenenadas com stricnina. Ela tinha uma pontaria muito ruim, mas três ou quatro flechas me acertaram no peito. Pedi a ela que parasse com aquilo e sua resposta foi uma risada xoxa e molenga que me encheu de raiva. Então peguei minha lixeira com as duas mãos e joguei tudo bem na frente da porta dela. Aquilo a fez transbordar de raiva a um ponto que suas mãos trêmulas já nem conseguiam mais separar as flechas. Me aproximei dela e lasquei um beijo bem gostoso em sua boca. O resto do pessoal do corredor viu e começou a debochar de Kathleen, que de raivosa passou a envergonhada com nosso vaivem gostoso que se iniciava ao som de um forrozinho que entrava pela janela da rua. Ela até que era bonita quando não estava enraivecida, e eu aproveitei a ocasião pra sentir se tinha clima para chamá-la pra festa do dia das mães no colégio do meu filho. Não era o caso... resolvi voltar pra minha saleta da ponta do corredor. Carregava no peito a sensação de bem-estar de ter o dever cumprido e ainda tinha tirado uma casquinha da Kathleen.

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