Friday, February 06, 2009

O mesmo tempo de novo

É que uma vez ouvi falar que as atividades repetidas são gravadas e usadas de novo no cérebro, então se todo dia se faz alguma coisa, aquela coisa nem é considerada como merecedora de um espaço no tempo mais. Então parece que o tempo passou mais depressa, mas na verdade é que ele não foi considerado durante a feitura da mesma tarefa repetida. Isso acontece quando se faz sempre o mesmo caminho pra ir a algum lugar, ou se trabalha numa linha de montagem, ou se tem que atravessar a mesma piscina trocentas vezes. Por isso comecei a usar um tênis 2 números menores pra considerar todo o tempo que eu passo andando. E também ando com a cueca cheia de alfinetes, que me cobram toda hora a atenção. E ando ouvindo um som muito alto que até me deixa tonto, que é pra eu perceber quanto tempo aquilo está ali. Também deixei de almoçar, pra ficar bastante tempo com fome - na hora do almoço, só tomo uma dose grande de conhaque pra dar uma acordade e aumentar minha capacidade de sentir que o tempo está passando. O conhaque também muda a percepção das dores causadas por essas decisões radicais. O problema é que já estou acostumando a tudo isso, o que fazer então? Meu cérebro já está repetindo as dores, os passos, a fome. Vou tentar me dar sensações agradáveis então. Vou comprar um tênis Mike no número certo, vou comer sempre no Eco, fartamente. E vou usar cuecas confortáveis de seda. Arranjar uma mulher bem gostosa e legal e inteligente e depois destruir tudo isso pra poder perceber o tempo passando. Que saco...