Tuesday, March 27, 2007

O grande encontro

O sol ardia numa estrada de terra, interior de Minas Gerais:
Por favor, estou perdido. Onde é o Encontro Vocálico?
É aqui no final da frase, depois da vírgula, uai!
Obrigado!

Saturday, March 24, 2007

Histórico campeão

Poucas dezenas de pessoas compareceram ao enterro do maior comedor de tomates do bairro do Limão. O Senhor Frederico Augusto faleceu aos 78 anos em um acidente inusitado quando passava por baixo de um andaime e uma lata derrubada pelo vento precipitou sobre sua cabeça caindo de quina. Não se sabe se pelo choque ou pelo susto, Frederico faleceu na hora. Ele mantinha a média de quase 2 tomates por dia, deixando longe o segundo colocado. E ele não tinha a menor idéia de que era um campeão do bairro, já que esses dados ficam armazenados no céu, que é pra onde se vai depois que se morre. No céu você tem acesso a todas as informações sobre a sua pessoa. Qualquer pergunta pode ser feita e respondida num sistema muito esclarecedor e fácil de usar. Outro dado interessante é que o senhor Frederico Augusto foi a pessoa da sua rua que menos horas passou no trânsito da Anchieta no carnaval de 2001. Mas a diferença para o segundo lugar é bem pouca. Ele é um campeão, enfim. Todos nós temos alguma coisa que nos faz melhores que os outros, que merecem ser pisados e diminuídos em nossa presença. Pratique!

Friday, March 16, 2007

Aconselho mais uma

Muito aconselho a exposição do Oswaldo Goeldi na BM&F, praça Antônio Prado, São Paulo (meados da data deste post). O melhor xilogravurista brasileiro e acho que o melhor do mundo. Em suas gravuras, sempre tá escuro e úmido. Prestes a chover ou de madrugada. E sempre tem alguém resmungando bebedeiras. Cada riscada da goiva (o formão usado na xilogravura) delimita uma forma mole e imediatamente a banha com a luz sobrenatural que vem da lua encoberta pelas nuvens pesadas. Habsurdo com H maiúsculo. Peça o catálogo no balcão da BM&F porque ele tá muito bom também. E tudo de graça, ê beleza!

Monday, March 12, 2007

Matando um árabe

Baseado na música Peasant Dance, do Airto Moreira:
Começam a te empurrar pra sala com cheiro de incenso assim que um gongo abre a porta vermelha ornamentada bem na sua cara revelando um corredor de pessoas batendo palma. Um velhinho pula em volta de você rodando enquanto toca uma flautinha irritante. As paredes de pedra fazem o lugar parecer muito antigo e o calor forte parece até vir daquelas paredes. Andando sobre tapetes gastos, mas ainda incríveis, você chega em uma porta azul, mais ornamentada que a primeira. Meandros dourados, textura hipnotizante que nem pode ser muito contemplada porque um empurrão te joga nessa sala seguinte, abrindo a porta com seu peito. Nessa outra sala, duas odaliscas dançam frenéticas dentro de uma grande roda de um povo de dentes podres e olhos escuros que continuam a bater palma num ritmo dançante, mesmo tendo maços de dinheiro em suas mãos. Um arzinho deslocado te joga pro lado porque ali onde estava cai um enorme porrete. Nessa jogada de corpo dá pra se virar e ver o gigante que tentou te bater, um negão de um olho só. Nessa virada também já se vê que o que não falta ao negão são brincos de argolas enormes. Numa segunda virada você consegue enroscar a mão numa das argolas que estava ferrada no mamilo do negão. Arrancando-a, o negão urra e desfere outra paulada errada que faz a cabeça dele fique exposta de um jeito que foi fácil arrancar mais duas argolas: uma da orelha e outra da sobrancelha. O negão enlouquecido meio cegado pelo sangue parte correndo na sua direção. Outro desvio faz com que a cabeça do negão exploda na parede e ele fique por ali mesmo. As odaliscas correm na sua direção com uma faca em cada mão. O negão estava bem debaixo de uma janela sem vidro, então usar o corpo do negão como apoio e pular pelo buraco foi fácil. Na rua, os olhos demoram um pouco pra acostumar com a claridade. Quando acostumam, vê-se que todo o povo que estava dentro da sala vem na sua direção com uma expressão de fúria. O lugar é uma cidade de parede cinza quente com tendas vendendo badulaques e camelos e corredores estreitos. Dobrando uma esquina, num outro corredor estreito, pular de parede em parede faz com que consiga atingir o terraço de uma casa. Um estralo: estão atirando. Atrás de você as pedras soltam estilhaços e dá pra ouvir o povo gritando lá embaixo. Outra corrida e um salto amortecido por balaios imensos te colocam na frente de um prédio com uma placa de bronze e a bandeira do brasil. É a embaixada! Você entra tão alucinado que bate com a cara em um gongo e tudo fica escuro.

Tuesday, March 06, 2007

Pode xim



- Posso andar nessa ponte?
- Xim, xim! Pode xim. Vai lá. Xim, pode!
- Não vai cair?
- Pode andar. Ponte segura. Xim, xim, pode xim!
- Bom, vou lá... AAAAAAAAAAAARGHTT!!
- RIRIRIRRIRIRI, xi fudeu!