Monday, April 14, 2008

Segundo roteiro para filme pornô

O emprego do desejo

Chega um homem de roupa social, bem arrumado, inexpressivo, em uma sala de divisórias de fórmica. É recebido por uma secretária, também inexpressiva, em uma sala onde aguardam mais um homem e duas mulheres - igualmente vestidos de maneira sóbria - lendo revistas velhas, sentados nas poltronas enfileiradas da sala de espera. A secretária anuncia que em breve serão chamados para a entrevista. É uma sala simples, com janelas espelhadas de um lado e fechada com portas de fórmica. Uma música ambiente toca baixinho e em uma das paredes tem uma placa com um nome de agência de empregos.
A secretária sai da sala e deixa os candidatos sozinhos. Entra na sala adjacente e diz: pronto, doutor. Chegaram todos. É uma sala escura, cheia de luzinhas e botões. O doutor começa a falar sobre sua experiência de aumentar a temperatura, lançar uns raios que ele inventou e mudar a música para alterar o comportamento das pessoas. O doutor é um tipo meio amalucado, cientista louco. Ele começa a mexer nos botões de seu equipamento: aí, vê-se que a luz da sala de espera vai se tornando avermelhada. A música ambiente muda. Os homens começam a afrouxar as gravatas. As mulheres desabotoam suas blusas. Começam comentários: está calor aqui, né? - todos permeados por imagens do cientista mexendo nos botõezinhos. As mulheres começam a se olhar lascivamente, mas tentam se conter. Os homens comentam sobre as mulheres. Todos estão incomodados com a situação, mas apenas se mexem nas cadeiras e se olham e se abanam. Até que, após uma cena do cientista girando um botão, uma das mulheres mira fixamente um dos homens, vai até ele, senta em seu colo e desfere um beijo em sua boca. A partir daí, é pura metelândia com cenas do cientista e da secretária fazendo anotações em pranchetas e depois, o cientista mesmo, não aguentando o clima, ataca a secretária e ela tenta se esquivar. Até que ela desliga o equipamento. Nesse momento, as pessoas da sala de espera tomam um grande susto - a luz da sala de espera passa repentinamente de vermelha para branca, o som ambiente silencia -, se vestem rapidamente como podem, pedem desculpas umas às outras e vão embora envergonhadas e constrangidas.