Monday, March 12, 2007

Matando um árabe

Baseado na música Peasant Dance, do Airto Moreira:
Começam a te empurrar pra sala com cheiro de incenso assim que um gongo abre a porta vermelha ornamentada bem na sua cara revelando um corredor de pessoas batendo palma. Um velhinho pula em volta de você rodando enquanto toca uma flautinha irritante. As paredes de pedra fazem o lugar parecer muito antigo e o calor forte parece até vir daquelas paredes. Andando sobre tapetes gastos, mas ainda incríveis, você chega em uma porta azul, mais ornamentada que a primeira. Meandros dourados, textura hipnotizante que nem pode ser muito contemplada porque um empurrão te joga nessa sala seguinte, abrindo a porta com seu peito. Nessa outra sala, duas odaliscas dançam frenéticas dentro de uma grande roda de um povo de dentes podres e olhos escuros que continuam a bater palma num ritmo dançante, mesmo tendo maços de dinheiro em suas mãos. Um arzinho deslocado te joga pro lado porque ali onde estava cai um enorme porrete. Nessa jogada de corpo dá pra se virar e ver o gigante que tentou te bater, um negão de um olho só. Nessa virada também já se vê que o que não falta ao negão são brincos de argolas enormes. Numa segunda virada você consegue enroscar a mão numa das argolas que estava ferrada no mamilo do negão. Arrancando-a, o negão urra e desfere outra paulada errada que faz a cabeça dele fique exposta de um jeito que foi fácil arrancar mais duas argolas: uma da orelha e outra da sobrancelha. O negão enlouquecido meio cegado pelo sangue parte correndo na sua direção. Outro desvio faz com que a cabeça do negão exploda na parede e ele fique por ali mesmo. As odaliscas correm na sua direção com uma faca em cada mão. O negão estava bem debaixo de uma janela sem vidro, então usar o corpo do negão como apoio e pular pelo buraco foi fácil. Na rua, os olhos demoram um pouco pra acostumar com a claridade. Quando acostumam, vê-se que todo o povo que estava dentro da sala vem na sua direção com uma expressão de fúria. O lugar é uma cidade de parede cinza quente com tendas vendendo badulaques e camelos e corredores estreitos. Dobrando uma esquina, num outro corredor estreito, pular de parede em parede faz com que consiga atingir o terraço de uma casa. Um estralo: estão atirando. Atrás de você as pedras soltam estilhaços e dá pra ouvir o povo gritando lá embaixo. Outra corrida e um salto amortecido por balaios imensos te colocam na frente de um prédio com uma placa de bronze e a bandeira do brasil. É a embaixada! Você entra tão alucinado que bate com a cara em um gongo e tudo fica escuro.

1 comment:

thais said...

ui, dá moh preguiça de ler esse....