Wednesday, February 09, 2011

Cachorro explosivo

Clívio, voltando para a casa depois de uma enchente, percebeu que já passava da uma da manhã. Não havia mais nenhum sinal da terrível chuva que lavara a cidade. O ar limpo e úmido deixava a noite agradável e no outro dia não haveria trabalho. Lembrando disso, diminuiu o ritmo e mudou de caminho pra ver como estava ficando uma obra que fazia muito barulho na rua de trás. Ao virar a esquina viu um pequeno grupo vindo pela mesma calçada na direção contrária. Eles aumentaram a velocidade do andar e falaram entre si algumas palavras - tinham o olhar firme pra frente. A colisão foi em 5 segundos - chegaram apavorando, um enfiou a mão no bolso da camisa. Ao tentar impedir, Clívio levou um tapão no pescoço. Enfiaram-lhe a mão nos bolsos da calça e lhe sacaram a mochila. Deram-lhe uns chutes, o deixaram na calçada e saíram correndo. A sensação de impotência, a raiva por ter trocado de caminho, a dor da violência e do furto, tudo isso se juntou em Clívio. Ele ficou deitado na calçada um tempo, pasmo, sem vontade de levantar. Até que um cachorro veio e lhe disse: eu vi tudo dali detrás da moita. Suba neste trenó que eu estou puxando e vamos pegar suas coisas de volta. Clívio pulou no transporte que era bem grande pra um au-au daquele tamanho, segurou numa cordinha e foi puxado rapidamente rua abaixo. Mal dobraram a esquina já avistaram a turminha de malfeitores. O cachorro se soltou do trenó, correu até o bando e explodiu levando a vida de todos. As luzes das casas da rua foram se acendendo, vozes, cabeças nas janelas. Um poste caiu com a explosão e um automóvel disparou o alarme. As coisas de Clívio estavam imprestáveis, a mochila estava pegando fogo. Moradores jogavam baldes de água nas coisas. O dono do automóvel veio ver se ele estava intacto. A polícia chegou rapidamente e meia-hora depois, um carro do IML para levar os corpos. Ao amanhecer, repórteres.

1 comment:

Unknown said...

melhor história até agora... a outra é a dos velhinhos do marrom glacê! amooo!!