Ontem encontrei um amigo e começamos a falar do filme Melancolia. A certa altura eu falei algo que não entendi direito porquê e resolvi retomar o assunto comigo mesmo porque achei importante.
O eixo principal deste filme passa pela história de uma mulher que perde totalmente a esperança e vontade de viver. Fica deprimida, acaba com seu casamento durante a festa de sua realização. Pensam que ela está assim porque há a iminente colisão de um planeta, Melancolia, com a Terra, o que tiraria a vida de todos. Mas ela simplesmente está lúcida. Refletiu sobre a existência e concluiu que não vale a pena, que é desnecessária. Nisso, o Antônio, meu amigo, disse: e como a gente faz pra existir sem entrar em depressão em um mundo que está cada vez pior? O que me levou a essa reflexão:
A única certeza da vida é a morte. Isso somado as inúmeras informações que recebemos diariamente faz-se ficar cada vez com mais dúvida sobre a validade da pena de vida. Para evitar cair em depressão profunda é necessário encontrar os prazeres possíveis antes de morrer.
Isto posto, pensa-se que a vida poderia se tornar uma busca incessante por prazer para evitar a melancolia. E, sim, é isso que acontece. Mas nem todos os prazeres são acessíveis, o que gera mais frustração ainda. Muitas vezes é necessário passar por alguma privação para se chegar ao prazer - e alguns simplesmente são negados. Devida à quantidade e preço que se paga por cada prazer, é necessário haver ponderação na busca.
Levando-se em conta que a buca pelas sensações prazerosas é vivida em sociedade e precisa ser mediada por essa possibilidade de convívio, sabe-se que é necessário analisar as quantidades e qualidades destas atividades que levariam ao prazer. E fazer esta ponderação faz usar medidas de importância de prazeres - cria-se juízo de valor das atividades e sensações prazerosas. Isso faz alguém achar mais importante ver um filme do que ver um jogo de futebol, por exemplo. Qual o critério de julgamento de qualidade das sensações prazerosas?
Sob um olhar político, ainda levando em conta que a busca pelas sensações prazerosas é vivida em sociedade, poderia-se dizer que as atividades prazerosas com maior qualidade são as que levariam a uma vida em sociedade mais suportável. Atividades vividas em conjunto e que adicionassem informações necessárias para que a convivência fosse cada vez mais possível e prazerosa. Na verdade, a primeira atividade em grupo altruísta e pacífica que pensei foi sexo grupal. Descartarei esta atividade como construtiva porque, fora o trabalho corporal, ela não tem muito a desenvolver. Falo isso como leigo dos sutras e investigações profundas acerca das artes da cópula, mas não acho que basear a vida em sociedade na prática do sexo seria bom pra evolução da raça humana no momento. Mas tá aí, é uma forte candidata. O que seria, então, de mais qualidade do que o sexo grupal como atividade prazerosa? Uma atividade que ensinaria sobre política, filosofia e ainda tivesse sexo grupal? Só escrevi isso porque lembrei das peças do Zé Celso... mas taí, é uma boa. Agora pensei em um grande banquete onde se poderia ouvir discursos filosóficos aplicáveis enquanto se pratica sexo grupal. Estou chegando à conclusão que as peças do Zé Celso são a possibilidade mais avançada de atividade prazerosa a que se pode chegar... mas eu nem gosto muito das peças dele, principalmente porque lá não consumam realmente o ato. E resolvi terminar este texto.
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