Recentemente fui convidado por uma amiga querida pra ajudar a montar suas obras no 20º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia. Aí esqueci minha mochila azul lá... putz, tive que voltar na abertura do salão para buscar - que ocorreu dia 2 de julho. Mas foi bom porque vi a abertura do salão e todas as obras expostas. Como estava entre artistas, conversamos um pouco sobre as impressões que tivemos a respeito das escolhas dos jurados para premiação e exibição. Então achei a conversa interessante e resolvi colocar aqui.
A primeira observação que faço sobre as obras expostas é a de haver um discurso praticamente igual em duas delas. A reprodução em série de objetos antigos populares (um telefone de ficha e um fusca) e posterior distribuição das cópias pelo ambiente. A diferença entre as duas obras aconteceu apenas pela escala das cópias. Os fuscas eram pequenos e numerosos, distribuídos por todo o Centro de Convenções Victor Brecheret. Os telefones eram menos de uma dezena, do mesmo tamanho dos originais, e estavam fixados na parede externa do local. Impossível não fazer a ligação desta obra com uma outra que usava um telefone público, este atual, como base para uma intervenção de tricô: todo o aparelho e casco eram forrados de uma camada de malha costurada em barbante, fazendo o aparelho - um dispositivo serializado - parecer uma obra de artesanato.
O tricô também faz a ligação com outra obra exposta. Esta em crochê: cones de crochê foram fixados em locais de natureza distante da lã. Parecendo formas parasitas, estes cones despertavam o olhar sobre a base a que se fixavam tanto pelo contraste de material quanto pelas cores vibrantes e fortes sobre as bases mornas.
Outras duas obras, embora tivessem a mesma técnica e forma, se diferenciavam por um detalhe muito interessante. Eram fotografias em que suas autoras apareciam nuas no ambiente. Mas em uma delas - que inclusive ganhou o prêmio do salão - as fotos eram sobrepostas e a pessoa fotografada se mesclava com o ambiente passando a fazer parte da paisagem. Na outra, o contraste entre o corpo nu e o ambiente eram imensos e as fotos eram limpas e nítidas.
Também havia desenhos, pinturas e gravuras, mas nem lembro muito, queria logo comer o bolinho de bacalhau que vendia na beira da estrada, nham.
Tivemos a impressão de que desenho e pintura foram linguagens que de menos relevância neste salõe. Não por estas linguagens terem subitamente menos espaço, mas porque as obras que apareceram, se comparadas com as intervenções, misturas de material e fotografias, estavam mesmo menos interessantes. Os recortes de feltro costurados com xilogravuras sobre tecido dominaram o ambiente por causa do seu tamanho, força gráfica e posição em que foram expostos.
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1 comment:
Muito bacana suas considerações, sr. Xto. Realmente, as outras obras como pintura, desenho, eu mal lembro delas. Acho que as novas midias conseguem mais destaque aos olhos, até os videos achei todos eles bem interessantes.
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